Planejamento nutricional da alta hospitalar: breve revisão da literatura e proposta de instrumento de avaliação
Nutritional planning of hospital discharge: a brief literature review and proposal for an assessment instrument
Rodrigo Costa Gonçalves, Maria Carolina Gonçalves Dias, Nara Lucia Andrade Lopes Segadilha, Ana Cristina Schmidt de Oliveira-Netto, Maria do Socorro Lira Paes Batista, Maria de Lourdes Teixeira da Silva
Resumo
Introdução: Em virtude de sua frequência e consequências, a desnutrição é uma condição preocupante no âmbito hospitalar, especialmente no caso de adultos internados em unidades de terapia intensiva e outros de alto risco, estando associada a maior risco de morbidade e mortalidade, aumento do tempo de internação, maior frequência de reinternações e aumento de custos. Embora a falta de planejamento para a alta hospitalar possa agravar essas consequências, ainda não há diretrizes para planejamento nutricional da alta hospitalar que possam ser adotadas em ampla escala no Brasil. Método: Um painel de especialistas foi reunido com o intuito de avaliar os tópicos mais relevantes na literatura relacionada ao planejamento nutricional da alta hospitalar, discutir sua experiência a esse respeito e propor um instrumento que possa nortear e justificar a importância da alta nutricional planejada e segura. Resultados: O plano de alta organizado traz benefícios clínicos e nutricionais para o paciente, além de vantagens para os familiares e o serviço de saúde. O cuidado nutricional e uma melhor comunicação e orientação da equipe multiprofissional preparam o paciente e seus familiares para reduzir o tempo de internação e evitar reinternação. O planejamento de alta requer o desenvolvimento de um plano individualizado, bem como a educação do paciente, familiares e cuidadores, sendo o plano de cuidados nutricionais inserido no plano de alta. Com base nestas considerações, propomos um instrumento que tem por objetivo sistematizar a alta nutricional por meio da coleta das informações mais relevantes ligadas ao risco nutricional e à abordagem terapêutica desse risco, normatizando a comunicação com o paciente, seus cuidadores e a equipe de saúde. Conclusões: O instrumento aqui apresentado deverá ser testado na prática clínica, e espera-se que ele possa permitir melhor acompanhamento da jornada do paciente, conduzindo-o para a alta hospitalar bem-sucedida.
Palavras-chave
Abstract
Introduction: Due to its frequency and potential consequences, malnutrition is a worrisome condition in the hospital environment, especially in the case of adults admitted to intensive care units and others at high risk; malnutrition is associated with a higher risk of morbidity and mortality, prolonged hospital stay, higher frequency of readmissions, and increased costs. Although the absence of a planning for hospital discharge can aggravate these consequences, there are no guidelines for nutritional planning for hospital discharge that can be widely adopted in Brazil. Methods: A panel of experts was convened to assess the most relevant topics in the literature related to hospital discharge planning, discuss their experience in this regard, and propose an instrument that could guide and justify the importance of planned and safe nutrition discharge. Results: An organized and explicit discharge plan brings clinical and nutritional benefits to the patient, as well as advantages for family members and the health-care service. Nutritional care and better communication and guidance from the multiprofessional team prepare the patient and family members to reduce length of hospital stay and may avoid readmissions. Discharge planning requires the development of an individualized plan, as well as the education of the patient, family and caregivers; the nutritional care plan is inserted in the discharge plan. Based on these considerations, we propose an instrument that aims to systematize the nutritional discharge through the collection of the most relevant information related to the nutritional risk and the therapeutic approach to this risk, standardizing the communication with the patient, their caregivers, and the health-care team. Conclusions: The instrument presented here should be tested in clinical practice, and it is hoped that it can allow a better follow-up of the patient’s journey, leading to a more successful hospital discharge.