Introdução: Fatores relacionados à obesidade parecem estar associados ao maior risco para a COVID-19, resultando em maior tempo de hospitalização e austeridade da doença. O objetivo deste trabalho foi avaliar a prevalência de excesso de peso, terapia nutricional, fatores associados e o desfecho clínico de pacientes críticos com COVID-19. Método: Estudo retrospectivo de coorte, realizado através de revisão de prontuários de pacientes críticos internados por COVID-19 em um hospital do sul do Brasil. Foram incluídos pacientes com idade ≥18 anos, de ambos os sexos, com tempo de internação >48 horas, em leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) e terapia nutricional enteral, internados entre março de 2021 a março de 2022. Investigamos variáveis demográficas referentes aos primeiros 7 dias de terapia nutricional (TN), desfecho e histórico clínico. Avaliamos o excesso de peso por meio do índice de massa corporal. A análise estatística foi realizada por meio de testes U de Mann-Whitney ou t de Student e Qui-Quadrado, considerando um nível de significância estatística de 5%. Também realizamos uma regressão logística binária, com o objetivo de investigar em que medida o óbito poderia ser adequadamente previsto pelas ingestões calóricas e proteicas médias. Resultados: Dos 71 indivíduos avaliados, a maioria (62,0%) eram homens, idosos (53,5%) e receberam TN precoce (83,1%). A dieta mais comum foi hipocalórica (95,2%) e com baixo aporte proteico (87,3%) nos primeiros 7 dias de TN. A regressão logística mostrou que a proteína infundida tem impacto sobre o desfecho. Conclusão: Observamos uma maior prevalência de excesso de peso em indivíduos do sexo feminino. Existe uma elevada frequência de aporte calórico e proteico inadequado nos primeiros 7 dias de TN. Essa inadequação da oferta proteica também estava associada com maior risco de morte.