Introdução: As intervenções cirúrgicas são essenciais para prevenção de incapacidades crônicas e para evitar a mortalidade da população. O jejum pré-operatório é um hábito comum nos centros cirúrgicos, com o propósito de evitar a broncoaspiração e promover o esvaziamento gástrico dos pacientes. No entanto, essa conduta pode prejudicar o estado nutricional do paciente, agravar a resposta metabólica e diminuir o seu sistema imunológico, aumentando o período de internação e os custos hospitalares. Por esse motivo, essa prática vem sendo modificada pelas principais sociedades de anestesia do mundo e novos projetos foram implementados com o intuito de reduzir esse tempo de jejum, como o ACERTO no Brasil. Além disso, esses pacientes apresentam alto risco nutricional, podendo ocorrer a desnutrição hospitalar. O objetivo deste estudo foi mapear e avaliar a associação do tempo de jejum pré-operatório real e o risco nutricional em pacientes cirúrgicos, em um hospital da região metropolitana de Porto Alegre. Método: Um estudo observacional retrospectivo foi realizado com prontuários de 754 pacientes cirúrgicos, admitidos de abril a outubro de 2021. Os dados sociodemográficos, epidemiológicos, clínicos e a avaliação do risco nutricional foram obtidos através das ferramentas NRS-2002 e MAN versão reduzida. Resultados: A média de idade foi de 53,2 ±19,6 anos, sendo 59,1% adultos. A triagem realizada pela NRS-2002 sinalizou que a maioria dos pacientes não apresentou risco nutricional. Segundo a MAN, a maior parte dos idosos avaliados foi classificada como desnutrida no momento da internação. Os pacientes que realizaram cirurgia do aparelho digestivo e geral apresentaram maior tempo de jejum pré-operatório (p<0,001). Na avaliação deste tempo, 55% dos pacientes permaneceram por mais de 12 horas sem receber alimentação. Conclusão: Conclui-se que o tempo de jejum efetivo ultrapassou o recomendado na literatura e que não houve associação entre o tempo de jejum e o risco nutricional.