Introdução: Pacientes em cuidados paliativos apresentam alterações nutricionais que contribuem para pior prognóstico e qualidade de vida. Durante a pandemia da COVID-19, o serviço de nutrição utilizou a teleconsulta como estratégia para prestar cuidados de saúde, garantindo a continuidade da assistência a estes pacientes. O objetivo deste estudo foi analisar o perfil clínico, sociodemográfico e nutricional dos pacientes com câncer avançado em cuidados paliativos acompanhados por meio da teleconsulta durante a pandemia da COVID-19. Método: Estudo de coorte retrospectivo, realizado com pacientes que receberam teleconsulta na Unidade de Cuidados Paliativos do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, no período de setembro de 2020 a dezembro de 2021. Resultados: Foram realizadas 147 teleconsultas, com predomínio de pacientes do sexo feminino (61%) e média de idade de 68 ±7,48 anos. Os sítios tumorais primários mais frequentes foram colorretal (15,6%), mama (15,6%) e cabeça e pescoço (14,9%). A mediana do Karnofsky Performance Status foi de 40% e a maioria dos pacientes avaliados apresentou hipoalbuminemia (61,2%) e proteína C-reativa (52,3%), razão neutrófilos/linfócitos >6 (51,1%) e razão proteína C-reativa/albumina >2 (54,1%) elevadas. As principais demandas identificadas pela equipe para teleatendimento nutricional foram: necessidade de terapia nutricional enteral (TNE) (32,6%), constipação intestinal (22,7%) e disfagia (18,4%). As condutas nutricionais mais frequentes foram aconselhamento nutricional para controle de sintomas (42,5%) e prescrição da TNE (38,3%). Conclusão: Durante a pandemia da COVID-19, a teleconsulta se consolidou como uma ferramenta útil para ofertar cuidados especializados e garantir a continuidade da assistência nutricional para pacientes em cuidados paliativos oncológicos.