Introdução: A terapia nutricional em cuidados paliativos deve ser proporcional à expectativa de vida do paciente, tendo como objetivos auxiliar na redução de efeitos adversos provocados pelos tratamentos, minimizando sintomas relacionados à nutrição, retardando a caquexia, atuando na ressignificação do alimento e adiando a perda da autonomia. Método: Trata-se de estudo descritivo, exploratório e observacional, realizado em unidade assistencial especializada em cuidados paliativos exclusivos da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF). A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista não-diretiva, com pacientes e acompanhantes internados, que descreveram as suas percepções e significados sobre a alimentação desde o adoecimento. O processamento dos textos oriundos das entrevistas contou com o apoio do software IRAMUTEQ e a análise interpretativa ocorreu por meio da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), cujos fundamentos teóricos encontram-se ancorados na teoria das Representações Sociais. Resultados: O processamento textual realizado pelo software IRAMUTEQ permitiu a categorização de quatro subcorpus: “Lembranças”, sobre as recordações e ocasiões que envolveram a alimentação; “Dificuldades com a alimentação”, momentos em que os participantes estiveram impossibilitados de se alimentar; “Mudança no perfil alimentar”, em que associam a evolução da doença com a redução ou incapacidade de se alimentar e; “Alimentação como medida não-farmacológica”, que contempla a alimentação como medida promotora de bem-estar. Conclusões: A alimentação em cuidados paliativos vai além da necessidade de oferta de nutrientes, cujo valor simbólico está associado à dignidade do ser humano. Para implementar qualquer conduta nutricional é necessário respeitar esse indivíduo como um ser capaz de decidir sobre sua própria vida. A terapia nutricional para pacientes em finitude deve levar em consideração as suas especificidades no que se refere aos hábitos alimentares e a sua autonomia enquanto indivíduos.

Introduction: Nutritional therapy in palliative care must be proportional to the patient’s life expectancy, with the objective of helping to reduce adverse effects caused by treatments, minimizing symptoms related to nutrition, delaying cachexia, acting in the redefinition of food and postponing the loss of autonomy. Methods: This is a descriptive, exploratory and observational study, carried out in a care unit specialized in palliative care, exclusive to the Health Department of the Federal District (SES/DF). Data collection was carried out through non-directive interviews with hospitalized patients and companions, who described their perceptions and meanings about food since the illness. The processing of texts from the interviews was supported by the IRAMUTEQ software and the interpretative analysis was carried out using the Collective Subject Discourse (CSD) technique, whose theoretical foundations are anchored in the theory of Social Representations. Results: The text processing performed by the IRAMUTEQ software allowed the categorization of four subcorpuses: “Memories”, about the memories and occasions that involved eating; “Difficulties with feeding”, moments in which the participants were unable to eat; “Change in the food profile”, in which they associate the evolution of the disease with the reduction or inability to eat and; “Food as a non-pharmacological measure”, which includes food as a measure to promote well-being. Conclusions: Food in palliative care goes beyond the need to supply nutrients, whose symbolic value is associated with the dignity of the human being. To implement any conduct nutritional therapy, it is necessary to respect this individual as a being capable of deciding on his own life. Nutritional therapy for patients in finitude must take into account their specificities with regard to eating habits and their autonomy as individuals.