Introdução: Acompanhar os balanços energético e proteico é de extrema importância para avaliação e monitoramento do estado nutricional de pacientes cirúrgicos. A adequação das necessidades nutricionais desses indivíduos representa um desafio perante os vários fatores que interferem no estado nutricional, tolerância e aceitação da terapia nutricional. Diante disso, este trabalho objetivou avaliar a evolução dos balanços energético e proteico no pós-operatório de pacientes submetidos a operações abdominais de grande porte, além de observar as repercussões nutricionais e clínicas (complicações pós-operatórias, tempo de internação e óbito) associadas à inadequação das necessidades nutricionais preconizadas para o paciente cirúrgico. Método: Sessenta e um pacientes submetidos a operações abdominais eletivas tiveram o gasto energético de repouso mensurado no pré-operatório imediato. Foram realizadas avaliações nutricionais, antropométricas e funcionais no pré-operatório imediato, no 3º e no 7º dia pós-operatório, além de terem sido coletados Recordatórios Alimentares de 24 horas. Dados de infusão de dietas enterais e parenterais para cálculos de consumo e adequação calórica e proteica, também, foram registrados. Os desfechos clínicos foram coletados em prontuário. Resultados: 70,5% da amostra apresentou algum grau de desnutrição prévio à internação hospitalar, conforme a Avaliação Global Subjetiva (AGS). Em relação aos balanços energético e proteico, foram observados valores negativos, mesmo naqueles pacientes que estavam em uso de terapia nutricional, sem diferença estatística significativa entre os grupos. Observou-se correlação positiva entre o balanço energético negativo e o tempo de internação, assim como associação negativa entre o estado nutricional obtido pela AGS e as complicações pós-operatórias. Conclusões: As necessidades calóricas e proteicas dos pacientes no período pós-operatório não são alcançadas, mesmo entre aqueles que recebem terapia nutricional, impactando no tempo de internação. Sugere-se mais estudos com outras estratégias metodológicas para avaliação acerca do impacto no estado nutricional desse cenário em pacientes cirúrgicos.

Introduction: Monitoring the energy and protein balance is extremely important for assess and observe the nutritional status of surgical patients. The adequacy of the nutritional needs of those individuals represents a challenge in face of the various factors that interfere with nutritional status, tolerance and acceptance of nutritional therapy. Therefore, this study aimed to assess the evolution of the energy and protein balance in the postoperative period of patients undergoing major abdominal operations, in addition to observing the nutritional and clinical repercussions (postoperative compli- cations, period of hospitalization and death) associated with the inadequacy of the recommended nutritional needs for the surgical patient. Methods: Sixty-one patients undergoing elective abdominal operations had their resting energy expenditure measured in the immediate preoperative period. Nutritional, anthropometric and functional assessments were carried out, on immediate preoperative period, the 3rd and 7th postoperative days, in addition to 24-hour Food Recalls. Infusion data from enteral and parenteral diets for consumption and calorie and protein adequacy calculations were also registered. Clinical outcomes were collected from medical records. Results: 70.5% of the sample presented some degree of malnutrition prior to hospitalization, according to the Subjective Global Assessment (SGA). Regarding energy and protein balance, negative values were observed even in those patients who were using nutritional therapy, with no statistically significant difference between groups. There was a positive correlation between the negative energy balance and time of hospitalization, as well as a negative association between the nutritional status obtained by the SGA and postoperative complications. Conclusions: The caloric and protein needs of patients in the postoperative period were not reached, even among those who received nutritional therapy, impacting the time of hospitalization. More studies with other methodological strategies are suggested to evaluate the impact on the nutritional status of this scenario in surgical patients.