Introdução: A terapia nutricional enteral é indicada para pacientes críticos que não são capazes de manter a ingestão alimentar por via oral, entretanto, a oferta subótima de nutrição enteral é comum. Os déficits energético e proteico são fatores de risco para desnutrição hospitalar e desfechos clínicos adversos, de forma que reduzir a ocorrência de interrupções é importante para o suporte nutricional adequado ao paciente. Os objetivos do estudo foram determinar os déficits energético e proteico e identificar os principais motivos para oferta inadequada de dieta enteral. Método: Estudo transversal retrospectivo com coleta de dados dos prontuários eletrônicos de pacientes internados em unidades de terapia intensiva, com inclusão de pacientes com idade superior a 18 anos, de ambos os sexos, e que utilizaram terapia nutricional enteral exclusiva na meta nutricional. Foram coletados dados referentes às características demográficas, clínicas e nutricionais. As análises descritiva e inferencial foram realizadas no software estatístico SPSS 23.0, sendo considerado significativo valor de p < 0,05. Resultados: A amostra final foi composta por 161 indivíduos, que somaram 915 dias de terapia nutricional enteral exclusiva. Uma diferença significativa foi encontrada entre a quantidade de energia e proteína ofertada e a meta nutricional (p = 0,000), sendo verificado déficit mediano de 1568 kcal e 88g de proteína durante o tempo de acompanhamento. Os principais motivos para oferta inadequada de dieta foram perda da sonda enteral (14,6%), extubação/intubação (13,1%), registro inadequado no prontuário (11,9%) e procedimentos (10,4%). Conclusão: Os déficits energético e proteico demonstram a necessidade da implantação de protocolos e treinamentos para a equipe, a fim de reduzir as interrupções e pausas e melhorar a oferta de dieta enteral e a qualidade da terapia nutricional.

Introduction: Enteral nutrition is indicated for critically ill patients who are unable to maintain oral food intake, however, the suboptimal delivery of enteral nutrition is common. Energy and protein deficits are risk factors for hospital malnutrition and negative clinical outcomes, so reducing the occurrence of interruptions is important for adequate nutritional support. The aims of the study were to determine energetic and protein deficits and to identify the main reasons for insufficient enteral feeding. Methods: Retrospective cross-sectional study with data collection from electronic medical records of patients in intensive care units, including patients aged 18 years or more, both sexes and who were fed with enteral nutrition in the nutritional goal. Data on demographic, clinical and nutritional characteristics were collected. Descriptive and inferential analyzes were performed using the statistical software SPSS 23.0, with a p-value <0.05 being considered significant. Results: A total of 161 patients were investigated in 915 days of enteral nutrition. A significant difference was found between the amount of energy and proteins delivered and the nutritional goal (p = 0.000), with a median deficit of 1568 kcal and 88 g of protein during the follow-up period. The main reasons for insufficient enteral feeding were loss of enteral tube (14.6%), extubation/intubation (13.1%), inadequate medical record (11.9%) and procedures (10.4%). Conclusion: Energy and protein deficits demonstrate the need for the implementation of protocols and training for the team, in order to reduce interruptions and improve the delivery of enteral nutrition and the quality of nutritional therapy