BRASPEN Journal
https://braspenjournal.org/article/doi/10.37111/braspenj.2020354009
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Artigo Original

Nutrição enteral precoce e desfechos clínicos em pacientes de terapia intensiva  

Early enteral nutrition and clinical outcomes in intensive care patients  

Janaína da Conceição Fernandes Gama, Renata Quele Viana Silva, Anne Caroline Brito Barroso, Luiz Gustavo Vieira Cardoso, Matheus Lopes Cortes, Vivian Francielle França

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Resumo

Introdução: O suporte nutricional precoce é estratégia terapêutica em pacientes críticos, contudo, tem se mostrado controverso em relação aos desfechos clínicos. O objetivo do estudo foi investigar os efeitos da terapia nutricional enteral (TNE) precoce e da oferta calórico-proteica inicial nos desfechos clínicos de pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital do Sudoeste Baiano. Método: Estudo de coorte prospectiva, aprovado pelo comitê de ética. Foram coletadas informações sobre triagem nutricional, avaliação antropométrica, necessidades nutricionais estimadas e metas nutricionais. O tempo de introdução da TNE foi classificado como precoce, quando iniciada nas primeiras 48 horas da admissão e tardia. Foram monitorados o volume e as características da dieta enteral diariamente, bem como os tempos de internação na UTI e de ventilação mecânica e a mortalidade. Os pacientes foram acompanhados até a alta da UTI ou óbito. Para testar associação entre os desfechos tempo de ventilação mecânica e permanência na UTI e as variáveis nutricionais foi empregada a regressão linear, enquanto para mortalidade, a regressão logística. Resultados: Foram incluídos 88 pacientes, dos quais 96,6% apresentaram risco nutricional na admissão, determinado pela gravidade do quadro. A TNE precoce foi recebida por 67 pacientes, com média de 39 ± 11,69 horas para o início e variação significativa em relação à TNE tardia (77,76 ± 32,11 horas), sem associação com os desfechos. As médias calóricas e proteicas recebidas nos três primeiros dias da TNE foram significativamente maiores no grupo TNE precoce (p=0,000), as quais se associaram com maior tempo de permanência em UTI e de ventilação mecânica, mesmo com frequência elevada de inadequação proteica. Nenhum paciente da TNE tardia apresentou adequação proteica até o terceiro dia. Conclusão: A TNE precoce não foi associada aos desfechos clínicos de pacientes críticos, contudo a maior oferta de energia elevou os tempos de permanência em UTI e de ventilação mecânica.

Palavras-chave

Nutrição enteral. Hospitalização. Respiração artificial.

Abstract

Introduction: Early nutritional support is a therapeutic strategy in critically ill patients, however, it has been shown to be controversial in relation to clinical outcomes. The aim of the study was to investigate the effects of early enteral nutritional therapy (ENT) and the initial caloric-protein supply on the clinical outcomes of patients in Intensive Care Units (ICU) of a hospital in Southwest Bahia. Methods: Prospective cohort study approved by the ethics committee. Information was collected on nutritional screening, anthropometric assessment, estimated nutritional needs and nutritional goals. The time of introduction of NET was classified as early, when started in the first 48 hours of admission and late. The volume and characteristics of the enteral diet were monitored daily, as well as the length of stay in the ICU and mechanical ventilation and mortality. Patients were followed up until discharge from the ICU or death. To test the association between the outcomes of mechanical ventilation time and ICU stay and nutritional variables, linear regression was used, while, for mortality, logistic regression. Results: 88 patients were included, of which 96.6% had nutritional risk at admission, determined by the severity of the condition. Early NET was received by 67 patients, with a mean of 39 ± 11.69 hours to onset and significant variation in relation to late NET (77.76 ± 32.11 hours), with no association with outcomes. The caloric and protein averages received in the first three days of NET were significantly higher in the early NET group (p = 0.000), which were associated with longer ICU stays and mechanical ventilation, even with a high frequency of protein inadequacy. No late ENT patient presented protein adequacy until the third day. Conclusion: Early NET was not associated with the clinical outcomes of critically ill patients, however, the greater energy supply increased the ICU stay and mechanical ventilation times.

Keywords

Enteral nutrition. Hospitalization. Respiration, Artificial.
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