Dinâmica da composição lipídica das fórmulas infantis e suas implicações clínicas
Dynamics of lipid composition of infant formulas and their clinical implications
Mário Cícero Falcão
Resumo
No leite humano, destaca-se o papel dos lipídeos como fonte para o crescimento e desenvolvimento adequados do lactente. O sistema lipídico do leite materno, responsável por aproximadamente 50% das calorias, é estruturado para o recém-nascido e o lactente. A digestão e absorção do lipídeo são facilitadas pela organização da gordura, pelo tipo de ácido graxo (ácidos palmítico, oleico, linoleico, linolênico, etc.), pela composição dos triglicerídeos e pela lípase estimulada pelos sais biliares. Além disso, o leite contém ácido docosaexaenoico, que permite um ótimo desenvolvimento neurológico e imunológico. Apesar da estrutura lipídica do leite materno ser extremamente complexa, ela deve servir de modelo para a dinâmica da composição lipídica das fórmulas infantis. A adição de ácidos graxos de cadeia longa (ácidos araquidônico e docosaexaenoico) ligados a fosfolipídeos em fórmulas infantis pode contribuir para um melhor desenvolvimento de lactentes, assim como atuar no sistema imunológico e no “imprinting” metabólico, reduzindo o risco de doenças crônicas não transmissíveis. Lactentes recebendo fórmulas com ácido palmítico na posição ß-2 apresentam maior contagem de lactobacilos nas fezes, quando comparados aos que recebem fórmulas com ácido palmítico nas posições ß-1 e ß-3, promovendo a manutenção da eubiose intestinal. Lactentes recebendo fórmulas com ácido palmítico ß-2 apresentam saúde óssea similar aos lactentes em aleitamento materno, pois não ocorre perda fecal de cálcio.
Palavras-chave
Abstract
In human milk, the role of lipids as a source for the adequate growth and development of the infant is highlighted. The lipidic system of breast milk, responsible for approximately 50% of calories, is structured for the newborn and the infant. Digestion and absorption of lipids are facilitated by the organization of fat, the type of fatty acid (palmitic, oleic, linoleic, linolenic acids, etc.), the composition of triglycerides and the lipase stimulated by bile salts. In addition, milk contains docosahexaenoic acid, which allows optimal neurological and immunological development. Although the lipid structure of breast milk is extremely complex, it should serve as a model for the dynamics of the lipid composition of infant formulas. The addition of long-chain fatty acids (arachidonic and docosahexaenoic acids) linked to phospholipids in infant formulas can contribute to a better development of infants, as well as acting on the immune system and metabolic imprinting, reducing the risk of chronic non-communicable diseases. Infants receiving formulas with palmitic acid in theß-2 position have a higher lactobacillus count in the feces, when compared to those receiving formulas with palmitic acid in the ß-1 and ß-3 positions, promoting the maintenance of intestinal eubiosis. Infants receiving formulas with ß-2 palmitic acid present bone health similar to infants breastfeeding, as fecal calcium loss does not occur.