Introdução: Em 2050, estima-se que o grupo de indivíduos com 90 anos ou mais crescerá cinco vezes em relação a 2010. Nos idosos, o processo da doença pode contribuir com piora do estado nutricional. Portanto, este artigo tem como objetivo associar o estado nutricional de indivíduos nonagenários ao diagnóstico da internação, massa muscular, via de alimentação e desfecho clínico. Pois, apesar do aumento progressivo e das particularidades dessa população, poucos estudos foram realizados considerando os nonagenários. Método: Estudo transversal, que incluiu pacientes acima de 90 anos internados no Hospital Sírio Libanês. Foram coletados: circunferência da panturrilha (CP), índice de massa corporal (IMC), via de alimentação e diagnóstico médico. A triagem nutricional foi realizada através da Mini Avaliação Nutricional (MAN) - versão reduzida. Resultados: Foram avaliados 79 pacientes, com idade mediana de 92 anos, IMC de 22,6 kg/ m2 e internação hospitalar de 13 dias; 59,5% (n = 47) eram do sexo feminino. A frequência de desnutrição segundo o IMC foi de 54,4%. Houve relação positiva (71,4%) entre a CP <31 cm e baixo peso nos pacientes de acordo com o IMC (p = 0,032). A desnutrição (classificada pela MAN) esteve significativamente associada a disfagia (77,4%) (p = 0,003), uso de suplementos (p = 0,002) e terapia nutricional enteral (p = 0,005). A mortalidade (25,8%) também foi significativamente relacionada à desnutrição, demonstrando que o estado nutricional contribuiu para o pior desfecho clínico (p = 0,042). Conclusão: A disfagia apresentou relação positiva com desnutrição, por ser uma condição que dificulta a ingestão alimentar. O uso de suplemento e maior indicação de terapia nutricional enteral tiveram relação positiva com a desnutrição, pois são condutas indicadas para melhorar o estado nutricional, demonstrando que ações específicas de assistência nutricional poderão contribuir para um melhor estado nutricional do nonagenário.

Introduction: In 2050, we estimate that the population of individuals who are 90 years of age or older will be five times higher than that in 2010. Among elderly people, the disease process can contribute to a worsening nutritional status. This article aims to examine the associations among nutritional status and initial diagnoses, muscle mass, routes of feeding, and clinical outcomes. Despite the progressive increase in this population and their particularities, few studies have been conducted among nonagenarians. Methods: This was a cross-sectional study that included patients over 90 years old admitted to Hospital Sírio Libanês. The following parameters were assessed: calf circumference (CC), body mass index (BMI), routes of feeding and medical diagnosis. Nutritional screening was performed using the Mini Nutritional Assessment (MNA). Results: A total of 79 patients were assessed, and they had a median age of 92 years, a median BMI of 22.6 kg/m2 and median hospital stay of 13 days. A total of 59.5% of the patients (n=47) were female. The frequency of malnutrition (as assessed by the BMI) was 54.4%. There was a positive relationship (71.4%) between CC <31 cm and underweight (as assessed by the BMI) (p=0.032). Malnutrition (classified using the MNA) was significantly associated with dysphagia (77.4%) (p=0,003), the use of supplements (p=0.002) and enteral nutrition therapy (p=0.005). Mortality (25.8%) was also significantly related to malnutrition, showing that nutritional status contributed to poor clinical outcomes in patients (p=0.042). Conclusion: Dysphagia had a positive relationship with malnutrition because it is a condition that affects food intake. The use of supplements and a higher indication for enteral nutritional therapy both had a positive relationship with malnutrition because they are conducts indicated to improve nutritional status, showing that specific nutrition assistance strategies for this age group can contribute to improved nutritional status in nonagenarians.