Necessidade de módulo proteico para pacientes em estado grave: estudo das fórmulas enterais em sistema fechado disponíveis no mercado
Need of protein module for critically ill patients: study of enteral formulas in a closed system available on the market
José Henrique Silvah, Carolina Ferreira Nicoletti, Cristiane Maria Mártires de Lima, Arthur Welle, Júlio Sérgio Marchini
Resumo
Introdução: O suporte nutricional dos pacientes em estado grave deve ser individualizado e suprir as necessidades energéticas e proteicas diárias. Apesar das entidades de saúde publicarem suas respectivas recomendações de terapia nutricional para esses pacientes, orientações sobre o uso de módulos proteicos ainda são escassas e controversas. Este estudo objetivou avaliar a adequação proteico/energética das fórmulas enterais industrializadas existentes no mercado brasileiro utilizadas na terapia nutricional de pacientes adultos, assim como a necessidade de uso de módulos proteicos. Método: 46 fórmulas enterais encontradas no mercado brasileiro foram avaliadas, por meio de simulações matemáticas, em relação à adequação frente às recomendações proteicas, sem extrapolar a oferta energética (limite de 110% da necessidade diária). Para as simulações, compreendendo o módulo proteico, a oferta energética do módulo foi incluída na análise. Resultados: A razão proteínas/calorias variou entre 3,1 e 9,2. Para pacientes sem obesidade, somente a fórmula Peptamen Intense - Nestlé [razão proteína (g)/100 kcal = 9,2] atinge pelo menos 100% da necessidade proteica (1,5 a 2g proteína/kg/dia), com um volume calculado para 20 a 25 kcal/kg. Para pacientes com IMC entre 30 e 36 kg/m2, não há fórmula que atinja isoladamente a recomendação. A fórmula Peptamen Intense - Nestlé atinge as recomendações para pacientes com IMC entre 36 e 40 e IMC >44 kg/m2. A comparação da fórmula Peptamen Intense - Nestlé com o restante das fórmulas disponíveis no mercado acrescidas de módulo proteico mostra que a Fresubin 2 kcal HP - Fresenius necessita do menor volume do conjunto (fórmula enteral + módulo proteico) para atingir 1000 kcal e 92 g de proteína (25,5% menor que a Peptamen Intense - Nestlé). Conclusão: A maioria das fórmulas enterais disponíveis no mercado brasileiro não é capaz de ofertar, isoladamente, um aporte proteico adequado, sem gerar excesso de oferta energética (overfeeding). O uso de módulos proteicos pode trazer benefícios frente à recuperação dos pacientes, inclusive os infectados pela COVID-19.
Palavras-chave
Abstract
Introduction: The nutritional support of critically ill patients must be individualized and meet the daily energy and protein needs. Despite the fact that health entities publish their respective nutritional therapy recommendations for these patients, guidelines on the use of protein modules are still scarce and controversial. This study aimed to evaluate the protein / energy adequacy of the industrialized enteral formulas existing in the Brazilian market used in the nutritional therapy of adult patients, as well as the need to use protein modules. Methods: 46 enteral formulas found in the Brazilian market were evaluated, by means of mathematical simulations, in relation to the adequacy against protein recommendations, without extrapolating the energy supply (limit of 110% of the daily requirement). For the simulations, comprising the protein module, the energy supply of the module was included in the analysis. Results: The protein / calorie ratio varied between 3.1 and 9.2. For patients without obesity, only the Peptamen Intense - Nestlé formula [protein ratio (g)/100 kcal = 9.2] reaches at least 100% of the protein requirement (1.5 to 2g protein/kg/day), with a volume calculated to 20 to 25 kcal/kg. For patients with BMI between 30 and 36 kg/m2, there is no formula that achieves the recommendation in isolation. The Peptamen Intense - Nestlé formula meets the recommendations for patients with a BMI between 36 and 40 and a BMI> 44 kg/m2. The comparison of the Peptamen Intense - Nestlé formula with the rest of the formulas available on the market plus protein module shows that Fresubin 2 kcal HP - Fresenius needs the lowest volume of the set (enteral formula + protein module) to reach 1000 kcal and 92 g of protein (25.5% less than Peptamen Intense - Nestlé). Conclusion: Most of the enteral formulas available in the Brazilian market are not able to offer, in isolation, an adequate protein supply, without generating excess energy supply (overfeeding). The use of protein modules can bring benefits to the recovery of patients, including those infected by COVID-19.