Introdução: Pacientes com câncer de cabeça e pescoço (CCP) configuram um reconhecido grupo de risco para desnutrição devido a diversos fatores, podendo necessitar de terapia nutricional enteral (TNE). Este trabalho avaliou alterações no estado nutricional e a perda de peso de pacientes com CCP em uso de TNE, acompanhados no ambulatório de oncologia clínica da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Método: Estudo retrospectivo realizado por meio da análise de banco de dados, coletados no período de janeiro a dezembro de 2018, em ambulatório de oncologia clínica da UNIFESP. Foram selecionados todos os pacientes com CCP que utilizaram TNE em algum momento do tratamento, durante o ano de 2018. Consideraram-se as variáveis peso e altura, para o cálculo do índice de massa corporal (IMC) e classificação do estado nutricional e a classificação da perda de peso para avaliação. Resultados: A amostra foi composta por 24 pacientes, sendo 71% de idosos e 29% adultos e 75% eram homens. Na primeira consulta de 2018, 6 (25%) pacientes eram eutróficos e 15 (63%) apresentaram algum grau de desnutrição (baixo peso). Um total de 11 (46%) pacientes referiu perda de peso prévia. Após a análise, verificou-se que 54% dos pacientes apresentaram perda ponderal no período. Destes, apenas 1 paciente apresentou perda ponderal grave. Foram observadas alterações no IMC em todos os pacientes, porém em 88% dos casos não houve alteração na classificação do IMC. Conclusão: Apesar dos pacientes estarem em TNE, muitos apresentaram perda de peso, o que pode ser resultado da piora na ingestão alimentar, de anormalidades metabólicas causadas pela atividade tumoral, ou consequência da sintomatologia relacionada ao tratamento. As perdas ponderais foram, em sua maioria, não significativas, e boa parte dos pacientes teve aumento do peso corporal, o que pode ter sido resultado da TNE, que é responsável pelo retardo na perda de peso em pacientes oncológicos.

Introduction: Head and neck cancer (HNC) patients constitute a recognized risk group for malnutrition due to several factors, and may require enteral nutritional therapy (ENT). This study evaluated alterations in nutritional status and weight loss in patients with HNC using ENT followed at the Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) oncology outpatient clinic. Methods: This was a retrospective study conducted through database analysis, collected from January to December of 2018 at an UNIFESP oncology outpatient clinic. We selected all patients with HNC in use of ENT at some moment of the treatment during 2018. Weight and height were considered to calculate body mass index (BMI) and to classify nutritional status and the classification of weight loss for evaluation. Results: The sample consisted of 24 patients, 71% were elderly and 29% adults and 75% were men. At the first consultation in 2018, 6 (25%) patients were at normal weight and 15 (63%) had some degree of malnutrition (underweight). A total of 11 (46%) patients reported previous weight loss. After the analysis it was found that 54% of patients had weight loss in the period, however, only 1 patient had severe weight loss. Changes in BMI were observed in all patients, but in 88% of the cases there was no change in BMI classification. Conclusion: Although patients were on ENT, many had weight loss, which may be a result of decreased food intake, metabolic abnormalities caused by tumor activity, or a consequence of treatment-related symptoms. Most of the weight losses were not significant, and most patients had increased body weight, which may have been result of ENT use, which is responsible for delayed weight loss in cancer patients.