Piora do estado nutricional é preditor de mortalidade para pacientes idosos admitidos em cuidados intensivos
Worsening nutritional status is a predictor of mortality for elderly patients admitted to an intensive care unit
Francilene Oliveira Andreo, José Eduardo de Aguilar Nascimento, Wesley Santana Correa de Arruda, Diana Borges Dock-Nascimento
Resumo
Introdução: A média da idade dos pacientes que ocupam as unidades de terapia intensiva é cada vez maior, podendo ser admitidos já desnutridos, o que representa um impacto negativo na sua evolução. Objetivo: Investigar a relação entre o estado nutricional e a mortalidade de pacientes idosos à admissão e sua evolução, ao longo da internação na UTI. Método: Estudo retrospectivo, realizado com 678 idosos críticos internados em UTI de um hospital privado em Cuiabá-MT, no ano de 2015. As variáveis principais foram o estado nutricional na internação e no desfecho (alta, transferência ou óbito), a taxa de óbito e os fatores de risco para óbito. Resultados: Do total de 1049 pacientes elegíveis, 678 (64,6%) eram idosos que fizeram parte do estudo. A idade média dos pacientes foi 73,7±9,0 anos, sendo 54,1% do sexo feminino. A dieta oral foi a mais prescrita (51,5%), seguida da enteral (33,5%). A razão PCR/albumina foi de 36,6±42,0. Entre os pacientes estudados, 70,6% internaram com risco nutricional ou apresentavam desnutrição moderada e 17%, desnutrição grave. No desfecho, 63,6% dos pacientes apresentavam-se em risco ou mode� radamente desnutridos e 24,5% com desnutrição grave. Houve aumento significativo de pacientes desnutridos graves ao longo da internação na UTI (17% vs. 24,9%; p=0,0004). A mortalidade ocorreu em 23,9% (n=160) dos idosos críticos internados. A análise multivariada demonstrou que a piora do estado nutricional (OR:4,85; IC95% 2,78 – 8,48; p<0,001) e a idade ≥ 80 anos (OR:1,69; IC95% 1,11-2,57; p=0,014) são fatores de risco independentes para a mortalidade em pacientes idosos críticos. Conclusão: A piora do estado nutricional, ao longo da internação na UTI, e, ainda, ter idade maior ou igual a 80 anos são fatores de risco independentes para mortalidade em idosos internados para cuidados intensivos.
Palavras-chave
Abstract
Introduction: The mean age of the patients who occupy the intensive care units is increasing, and may already be admitted undernourished, which represents a negative impact on their evolution. Objective: To investigate the relationship between nutritional status and the mortality of elderly patients at admission and their evolution, during ICU admission. Methods: A retrospective study of 678 critically ill elderly patients admitted to a private hospital in Cuiabá-MT, in the year 2015. The main variables were nutritional status at admission and at outcome (discharge, transfer or death), death rate and risk factors for death. Results: Of the total of 1,049 eligible patients, 678 (64.6%) were elderly and were enrolled in the study. The patients mean age was 73.7± 9.0 years, with 54.1% female. The oral diet was the most prescribed (51.5%) followed by enteral (33.5%). The outcome, 63.6% were at risk or moderately malnourished and 24.5% were severely. The PCR/ albumin ratio was 36.6±42.0. Among the patients studied, 70.6% admitted with nutritional risk or moderate malnutrition, and 17% with severe malnutrition. On patient outcome, 63.6% were at risk or moderately malnourished and 24.5% were severely malnourished. There was a significant increase in severely malnourished patients during ICU stay (17% vs. 24.9%, p=0.0004). Mortality occurred in 23.9% (n=160) of critically ill elderly hospitalized. The multivariate analysis showed that worsening nutritional status (OR: 4.85, 95%CI 2.78 - 8.48, p<0.001) and age ≥ 80 years (OR: 1.69, 95%CI, 1.11-2.57, p=0.014) are independent risk factors for mortality in critically ill elderly patients. Conclusions: Worsening of nutritional status, during ICU stay, and being 80 years old or older are independent risk factors for mortality in hospitalized elderly patients for intensive care.